Postagem no blog do Galpão me fez pensar:
Algumas notícias acerca do “Tio Vânia”
por Eduardo Moreira 30 de maio, 2011, 17:14
Yara (a diretora) esteve em Belo Horizonte para assistir ao espetáculo, depois de duas semanas de ausência. Ela gostou do que viu. Achou o espetáculo mais seguro, sem as hesitações das primeiras semanas. Conseguimos superar um estado de estarmos acossdos pelo texto e pelas marcas. Ela só nos pediu que desarrumássemos um pouco a cena, criando ruídos, algumas falas “trepadas”, algo que nos trouxesse o frescor de algo acontecendo aqui e agora. A receita funcionou muito bem e deu um novo ímpeto, sacudindo uma estrutura que começava a se acomodar em fala-contrafala-outra fala, uma acontecendo comportadamente depois da outra. O objetivo claro é de fugir da formalidade, uma espécie de boa execução das ações verbais, sem sujeiras, o que faz com que tenhamos um bom espetáculo, mas que se torna refém de uma certa formalidade. Nossa diretora detectou também uma tendência de narrar para o público o que o personagem está sentindo. Tal característica de enunciar os sentimentos se associa a uma outra tendência de buscar uma “teatralidade” em que as falas são ditas de forma frontal e que os atores acabam se apropriando de determinadas poses. O resultado imediato foi uma semana em que todas as apresentações resultaram mais desafiadoras e consistentes para todos nós, os atores.
Dois comentários meus:
a) Todo e qualquer grupo pode e deve revisitar seus conceitos e adequar seu comportamento cêncio, sempre. Sair do piloto automático e passar para o diálogo, quase informal, é um caminho.
b) O teatro é possível, mesmo sem paredinha, mesmo sem narrativa frontal ao espectador, teatralidade exagerada, ou como Eduardo escreveu estrutura que começava a se acomodar em fala-contrafala-outra fala, uma acontecendo comportadamente depois da outra.
Beto, isso é fundamental não só para atores, como também para diretores.
ResponderExcluirA formalidade deixa o trabalho chato e monótono.
Adequar-se faz parte da vida!
Adorei a postagem!
Muito bacana mesmo, Fefa. Me tocou pela simplicidade, pelo óbvio que tantas vezes não enxergamos!
ResponderExcluirE, convenhamos, é tão confortável ficar acomodado...
Abração.
Beto
Lembro-me de um tempo onde fazer teatro era mais fácil e mais divertido... Mas são tempos passados... Tuca
ResponderExcluirOi Tuca,
ResponderExcluiracho que estamos vivendo um tempo assim. Fazer teatro é fácil e divertido, o que não impede de tentarmos fazer melhor. Uma coisa não anula a outra! Você está vivendo uma experiência assim, de diversão e, ao mesmo tempo, buscar um trabalho mais elaborado. Torço para que recupere este sentimento de diversão, pois seus melhores trabalhos sempre foram os que você se divertia ao fazê-los.
Beto